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sexta-feira, 2 de março de 2012

Ter vergonha dos pais faz parte da fase da pré-adolescência


E eles devem entender as causas


Há anos a mãe deixa seu filho André na porta da escola. É sempre aquele momento de alegria por parte do filho e de dor por parte da mãe, que sente o aperto no coração nesta hora de desapego.
Isso aconteceu naturalmente, até que André completou 10 anos e soltou a fatídica frase: “Mãe, me deixa aqui na esquina, não precisa mais me deixar na porta da escola.” A mãe, que fica surpresa e sem saber ao certo o que acabara de ouvir, pergunta ao filho: “Mas por quê? Eu sempre  te levei até a porta e você nunca disse nada.”
E André responde firme e acertivo: “Mãe, não precisa mesmo, prefiro ir andando, tá bom?”
André sai do carro rapidamente, a tempo de não ouvir outra pergunta da mãe, e caminha a passos acelerados ao encontro dos amigos, na porta do colégio, que estava a 100 metros.
Muitos pais e mães já devem ter vivido uma história parecida com esta e se perguntaram: o que aconteceu com o meu bebê? Ele não gosta mais da minha companhia? Será que tem vergonha de mim?
A resposta é direta e impactante: Sim, ele agiu desta forma por vergonha da sua presença.
Segundo a psicóloga Débora Cristina de Macedo Jorge, isso acontece por diversos fatores, principalmente entre os pré-adolescentes (a partir de 10 anos). “Ele começa a se sentir mais adulto e isso contribui muito. Mas, na maioria das vezes, o motivo é a vergonha de algum comportamento dos pais que os filhos não aprovam e que não querem que os amiguinhos vejam, como o jeito de falar, de se vestir”, explica Débora.
Porém, há outras situações que fazem os filhos demonstrarem vergonha dos pais. “Pode ser que ele não tem pensado ou sentido isso, mas ouviu um amigo falar que é feio ou ‘coisa de criança’ andar com os pais, que é preciso ser independente, fazendo com que ele mudasse de atitude”, pondera a psicóloga.
Mesmo sendo difícil, é preciso que os pais se aproximem para saber os reais motivos daquela atitude. “É importante ter diálogo para tentar descobrir os motivos pelos quais o filho não quer que o levem até a porta da escola. Se a resposta da criança convencer, tudo bem, senão, é preciso investigar para então conversar e resolver. Caso contrário, se a situação não for tratada, esta criança pode crescer com complexos, vergonhas”, esclarece Débora.
Normal X Excesso
Esta fase de ter vergonha dos pais pode ser normal, mas, dependendo da situação e de como ela desenvolve, se torna atípico. “Chegar ao extremo, ao excesso, é pedir para deixar longe do local onde sempre foi deixado. O normal é acabar logo, é ser um período curto, porque logo vai perceber que não há problema os pais estarem ali”, aponta a psicóloga.
Entretanto, ela ressalta que tudo depende do motivo que levou o filho a sentir vergonha. “Por isso é importante os pais estarem atentos para qualquer mudança de comportamento, porque a criança tem que aprender a lidar com as diferenças e não somente fugir da situação. Esta atenção e participação dos pais na vida dos filhos são muito significativas para que os ensine a resolver questões”, finaliza Débora.

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